A SANTIFICAÇÃO DA CARIDADE!


Era normal encontrar Irmã Dulce no Largo de Roma, nas imediações do Antigo cinema, levando comida para moradores de rua que por lá acampavam; não raro encontrá-la andando pelas ruas do comércio indo à cata de donativos para suas obras de caridade, com seu corpo frágil e andar seguro desafiava a lógica e se firmava como uma figura icônica da capital de todos os Santos.
Tive a sorte de conhecê-la em vida, e com meus 12 anos de idade, senti o peso de sua mão a me afagar os cabelos quando ao lado de  minha mãe a ela fui apresentado. Depois disso, algumas vezes pude reve-la seja na cidade baixa, seja no bairro da liberdade, sempre com suas passadas seguras, sempre...
Lembro-me quão forte as orações e pedidos para que ela fosse agraciada com o Nobel da Paz que não veio, mas que pôde demonstrar o quanto um estado inteiro se mobilizou para que sua indicação fosse concretizada.
O anjo bom da Bahia, que com seu exemplo envergonha aqueles que se auto-proclamam "caridosos", foi a melhor referência de altruísmo e generosidade que tive na minha adolescência e juventude. Quando vejo a intolerância ganhando corpo em nossa sociedade, lembro-me do quão complacente e respeitosa Irmã Dulce era com "seus irmãos" de outras  religiões e aí me refiro às de matriz africana que com orgulho professo e que até hoje é alvo de fundamentalistas que ao contrário da Santa esqueceram o significado da palavra "Respeito".
Às vésperas de sua canonização apraz-me saber que o "anjo bom da Bahia" hoje se torna a "Santa Dulce" de todos e para todos os pobres; e quiçá seus passos sejam conhecidos, lembrados e seguidos por essa nova geração.
Sempre acreditei que quando se trata de "Fé" não importa o objeto, mas seguramente o exemplo.
Paz e Bem!

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