ENTREVISTA IURI RODRIGUES
(COTIDIANO LAGARTENSE) Sr. IURI, numa cidade extremamente anômala no tocante à política partidária como é Lagarto, sua pré candidatura pelo segundo pleito consecutivo conseguiria sensibilizar os novos eleitores a apostar em nomes como o de V. Sa. que a princípio estão dissociados dos grupamentos partidários tradicionais?
(IURI RODRIGUES) Olha, Lagarto tem mudado muito no tocante eleitores. Tem uma realidade aí que muitos políticos não sabem ou não querem enxergar, que é o movimento de pessoas que não suportam mais essas práticas, essas mesmices na Câmara de Vereadores. Tem todos os tipos de públicos, mas tem eleitores que estão cada vez mais se distanciando dos políticos tradicionais.
( C.L.) Sr. IURI, atualmente V. Sa. está filiado ao Partido dos Trabalhadores que segundo comentários de rodas de conversa possue correntes internas que defendem uma candidatura própria em Lagarto para o próximo pleito, sua pré candidatura seria formatada mesmo que o partido venha a apoiar uma candidatura à majoritário de um dos grupamentos já existentes?
(I.R.) O PT tem vários seguimentos internos e isso é bom para o fortalecimento de ideias. Afinal a gente precisa ter uma visão crítica até pelas coisas às quais gostamos. Eu acredito no debate, na pluralidade. Serei candidato com ou sem majoritário, e isso vem de um processo de amadurecimento das diversas alas existentes no partido.
(C.L.) Sr IURI, o Partido dos Trabalhadores foi pioneiro em criar nos seu organograma interno um setorial voltado para a população LGBTQI, caso a sua pré candidatura seja confirmada, quais suas ações eleito sendo voltadas para essa população específica?
(I.R.) Minha ideia é propor na prefeitura um Centro Municipal de Combate à Homofobia de Lagarto, dentro da secretaria de Segurança Pública. Isso já está sendo discutido nas rodas de conversas que participo com amigos e amigas daqui de Lagarto. Dentro desses encontros estamos fazendo um estudo para se de se criar um lei de combate à violência contra a população LGBTQI+ no âmbito municipal.
(C.L.) Sr IURI, muitos pré candidatos durante o processo de campanha fazem questão de frisar que as atuais vereanças deixam a desejar no seu papel enquanto representante do povo na casa legislativa, mas quando estes mesmos conseguem ser empossados no cargo, esquecem completamente o que criticavam no período eleitoral; qual seria a garantia que V. Sa. daria aos eleitores que preservaria no mandato o discurso de campanha ?
(I.R.) Primeiro, não se pode prometer nada mirabolante, que é o que muitos fazem e muitos eleitores acreditam. Vereador legisla, obra quem faz é o executivo. Isso é um exercício básico que todos deveriam saber. Quando a gente vota em alguém sem ideologia, sem uma plataforma, fica muito difícil depois querer cobrar algo desse suposto representante da população. O voto é algo sério, que não poderia ser visto, como é na maioria das vezes, como moeda de troca. Infelizmente.
(C. L.) Sr. IURI, em tese o cargo de vereança deveria ser acompanhado de uma formação intelectual ou profissional por parte de seu postulante, contudo numa cidade onde o assistencialismo é o requisito "fundamental" para ganhar a simpatia do eleitorado, V. Sa. acredita que o voto consciente teria chance de crescer e dar "frutos" no pleito vindouro?
(I.R.) Acho que não só intelectualidade. Acho que antes de mais nada é ter responsabilidade. Conheço pessoas com formação, que tem um respaldo intelectual na cidade, mas que sempre acaba votando nos mesmos, nos sem ideologia, nos que praticam assistencialismo como única opção de vida. Ajudar o próximo é uma tarefa linda na vida do ser humano, mas fazer isso condicionando um voto já não é legal, eu acho. Como falei lá no começo, Lagarto tem um movimento lindo de pessoas que se sentem órfãos de representatividade e é com esse movimento que quero caminhar. Porque uma coisa eu te digo: não tenho política como profissão, tenho por convicção de levantar um debate numa cidade que é a maior do interior de Sergipe, importante na economia do estado e que está crescendo com a chegada de pessoas, mas que existe uma realidade na câmara bem distante dos jovens, das tradições culturais, dos estudantes, do respeito com as diferenças, da valorização dos trabalhadores. Enfim, precisamos respirar esperança e é pra já.
Iuri de Zé Grande é jornalista, ativista e escritor. É autor do livro reportagem “Um lugar para respirar” em que conta detalhes de como é a espera por um transplante pulmonar. com uma narrativa emocionante, o livro mostra a realidade da vida em uma fila à espera de um órgão. Tal espera, o sucesso, a morte e a vida acontecem dentro da Santa Casa de Porto Alegre, um lugar onde muitos estão em busca de poder respirar.
Autor também de “Ser feliz dói”, que será lançado em dezembro, a obra aborda mazelas da política, apresenta personagens anônimos e faz um passeio por Lagarto, sua cidade natal, e também pelo Brasil brasileiro.
Esta obra reúne crônicas da realidade urbana brasileira, como a miséria, a desigualdade e a injustiça, o amor e a amizade. Diante de temas problemáticos, que muita gente prefere ignorar na maioria das vezes, o autor convida os leitores para fazerem justamente o caminho inverso: o de conhecer e encarar de frente, ou pelas bordas, a realidade.
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