O SENCIOSO 1° DE DEZEMBRO

Recentemente tive a oportunidade de assistir uma matéria  na TV onde o coordenador do Programa Estadual de DST/AIDS o Dr. Almir Santana abertamente falava sobre o aumento  do número de casos de infecção no nosso Estado, com ênfase para as cidades interioranas; como não bastasse, fez questão de frisar nos recortes faixa etária/gênero/orientação sexual quais os públicos que mais estavam crescendo na estatística da doença.  Infelizmente nem mesmo esse alerta fora suficiente para que os municípios programassem ações educativas voltadas à prevenção (fomentando o uso do preservativo como única forma de prevenir a contaminação) nessa população com maior risco de vulnerabilidade (leia-se os nossos jovens).
Verdade seja dita, a população de uma forma geral deixou de acreditar na doença ou melhor, com o avanço no tratamento e a qualidade da sobrevida das pessoas que vivem com o HIV, o medo passou a ser algo ignorado e a exposição aos riscos de contaminação algo puramente banal.
Então porquê se gastar recursos para informar e conscientizar a população sobre uma doença que hoje consegue ser controlada tanto quanto o diabetes ou a hipertensão? O próprio Governo Federal atualmente está dando mais ênfase na realização do "teste rapido" para a confirmação ou não do diagnóstico precoce do que para a promoção de ações que visem a conscientizar a população  para o uso do preservativo.
Mais aí eu me pergunto, será que diante das estatísticas reais que apontam para o crescimento vertiginoso dos novos casos de contaminação e de desenvolvimento da doença, usar um lacinho vermelho na lapela ou postar "cards" com esse mesmo lacinho nas redes sociais irá diminuir esse risco ou reduzir os percentuais que tanto nos envergonham?
Facilitar o acesso ao tratamento, disponibilizar as novas técnicas profiláticas e garantir os direitos das pessoas "vivendo" são ao meu ver ações terciárias, o básico, o fundamental ainda é a prevenção.  E esta não é feita distribuindo lacinhos ou postando mensagens genéricas alusivas a uma data (jamais comemorativa) num calendário.
Por mais que o número de óbitos em decorrência das complicações da AIDS (haja vista que a doença em sí não mata, apenas destrói as defesas do organismo deixando-o vulnerável à quaisquer moléstias) possa ter estabilizado ou até mesmo diminuído (graças ao avanço nos tratamentos para as pessoas que convivem com o vírus e manifestam os sintomas da doença) não é justo que essa população mais jovem que inicia tão precocemente sua vida sexual, seja exposta a algo tão  "absurdamente definitivo" sem que lhe seja oferecido (à exaustão) o acesso a informação e aos insumos de prevenção.
Lagarto já foi por diversas vezes premiada nacionalmente (graças ao trabalho das organizações não governamentais) pelo seu pioneirismo nas ações de prevenção voltado para as populações com maior risco de vulnerabilidade... passado alguns anos me surpreendi com um "1° de Dezembro" silencioso e imperceptível. Que as gerações futuras possam digerir as consequências disso!

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