ENTREVISTA EDUARDO MAIA




(COTIDIANO LAGARTENSE) EDUARDO MAIA, sua trajetória em Lagarto passa pela Presidência da Regional da OAB, faz uma passagem exitosa pela Secretaria Municipal de Educação e culminou numa Pré-candidatura ao legislativo Municipal, para o eleitorado comum, quem é "Eduardo Maia" e o que levou à buscar mais esse espaço?

(EDUARDO MAIA) Eduardo Maia é o filho da Dona Luzia e do saudoso “Seu” Milton, dois brasileiros que venceram na vida através da educação. Para ajudar a família, minha mãe começou a alternar estudos e trabalho já aos 14 anos, como babá. Meu pai estudou até os 18, quando prestou o serviço militar. Ambos vieram de famílias pobres e, com dedicação aos estudos, alcançaram o nível superior e foram aprovados no concurso de bancário. Eles me transmitiram não só os valores e princicios que carrego comigo, como também a fé e a esperança para transformar.   E  através do exemplo deles eu posso dizer que sou um sonhador. Sonhei em cursar Direito porque acreditava, aos 18 anos, que poderia ajudar as pessoas mais necessitadas a alcançar a justiça social, a concretização de seus direitos. Abracei a advocacia justamente por acreditar na força dessa honrada profissão na defesa do cidadão. Mas nunca foi fácil. Embora tenha passado no exame da Ordem ainda na faculdade, não vi as portas se abrirem de imediato. Apenas após distribuir mais de 20 currículos obtive uma resposta positiva, que vinha do Escritório do Dr. Evaldo Campos. Ele possuía uma filial em Lagarto, por isso fui convidado a iniciar minha carreira aqui. Foi amor à primeira vista! Tornei-me lagartense de imediato. Após 5 anos de atuação, já em 2015, fui convidado pelo ex-presidente da OAB/SE,  o lagartense e hoje compadre, Henri Clay Andrade para assumir a presidência da regional. Aceitei o desafio por acreditar que poderia contribuir no fortalecimento e na defesa da classe. Fomos bem sucedidos de tal forma que fui reconduzido ao posto 3 anos depois, em 2018, no mesmo ano em que fui aprovado para o mestrado na UFS e passei a lecionar na AGES. Em 2019, com muita surpresa, surgiu o convite para assumir a Secretaria de Educação de Lagarto, pela prefeita Hilda Ribeiro. Este foi, sem dúvidas, o maior desafio que já me foi dado. Aceitei! Aceitei por acreditar que poderia colaborar no avanço da educação e na melhoria do ensino público em Lagarto. Fui guiado pela liderança de uma prefeita que não media esforços e possuía total confiança no meu trabalho. Alcançamos, portanto, resultados considerados excelentes. Subimos a nota atribuída pelo SINTESE, a educação foi destaque na merenda e ainda estamos aguardando a divulgação da nova nota do IDEB (índice de desenvolvimento da educação básica), em que tenho grande esperança de avanço.
Acredito que foi esse histórico de dedicação que gerou a expectativa por uma pré-candidatura  ao legislativo. Recebi esse convite da prefeita Hilda e do Deputado Gustinho porque viram que eu poderia continuar contribuindo com o avanço de Lagarto. Assim como outros espaços que ocupei, este nunca foi um desejo pessoal. Decorre justamente de um contexto de descontentamento com a política e o desejo popular de novos nomes.

(C.L.) EDUARDO MAIA, é uma tendência pós abertura política vermos profissionais liberais a cada eleição pleiteando uma vaga para um cargo eletivo, partindo pra nossa realidade a sua pré-candidata representa na sua opinião um avanço "qualitativo" no parlamento Municipal?

(E.M.) Mais do que acreditar, é o que sinto nas ruas. É um apelo que a população tem feito não só aos profissionais liberais, mas a todos aqueles que tenham uma biografia limpa, respeito pela coisa pública, e que tenham coragem de sair da zona de conforto para mudar essa triste realidade política. A população não aceita mais o “político profissional’, existe um desejo de ter pessoas mais qualificadas e capacitadas nos poderes. Pessoas que não dependam exclusivamente da política e que não estejam dispostas a abrir mão de seus valores éticos para estar nela. Ao mesmo tempo em que se vê o descrédito da classe política, se percebe a esperança no surgimento de novos nomes, de novas caras. Essas novas caras são justamente as pessoas que atuam com respeito, seriedade e competência na sua vida pessoal. Esse momento está muito claro pra mim! É preciso, com urgência, ressignificar a palavra “poder”, porque ela não deve ser um substantivo, mas, sim, um verbo. Remodelar a ideia de que alguém tem o “poder”, tem poder aquele que pode fazer, que pode mudar, que pode ajudar. É o poder-fazer, e não o poder em si considerado. E o cidadão tem não só o poder de fazer, como também o poder de escolha! Não dá mais pra esperar pelos outros!

(C.L.) EDUARDO MAIA, duas mudanças na legislação eleitoral impactam diretamente na "construção" política das próximas eleições; o fim das coligações proporcionais e o financiamento empresarial de campanha, diante dessa conjuntura você acredita numa renovação nos quadros da Câmara ou na manutenção daqueles que contam com a "estrutura" do mandato?

(E.M.) O fim da destinação de dinheiro para campanhas políticas advindas de empresas já alterou a realidade eleitoral. Desde 2018 pudemos ver que a mudança trouxe mais competitividade entre os candidatos. Trouxe mais equidade. Diminuiu a prática criminosa do caixa 2. Acredito que isso permitiu ao cidadão comum ingressar na política, embora ainda não com as mesmas chances. Nesse momento as doações provem de pessoas físicas ou através de “crowdfunding”, a popular “vaquinha”. Quanto ao fim das coligações, ainda é possível dizer se o seu formato promoverá ou não uma disputa mais democrática. Mas eu acredito na renovação.  Acredito não pelas modificações eleitorais, mas pela vontade popular. Acredito que candidatos que irão para o segundo, terceiro ou até quarto mandato não terão aceitação dos eleitores.

(C.L.) EDUARDO MAIA, em nossa cidade desde o início do ano anterior, vem crescendo movimentos que pregam a "nova politica" e o voto "consciente", lagarto sendo uma cidade predominantemente tradicionalista você acredita que existe alguma possibilidade de um candidato eleger-se sem a tradição da troca de favores com o eleitorado? Lagarto já evoluiu neste sentido?

(E.M.) A realidade social de Lagarto vem mudando. Se tornou uma cidade jovem, universitária, profissionalmente atrativa. Essa nova conjutura vai transformar, também, a forma de escolha do voto. Some-se a isso que as mídias sociais assumiram o protagonismo na comunicação. As novas ideias são lançadas e apoiadas naquele espaço. O eleitor hoje está antenado. Não são mais apenas o rádio e a TV que apresentam os candidatos. Isso reduz a poderio de outrora. Democratiza. E mesmo que a cidade ainda tenha uma cultura tradicional, e isso também tem sua importância em outros aspectos, assim como as grandes cidades, ela respira e anseia por renovação.

(C.L.) EDUARDO MAIA, comenta-se em rodas de conversa que nas próximas eleições lagarto teria 04 candidaturas majoritárias disputando a cadeira do executivo e que a futura composição da Câmara seguiria esse reflexo, ou seja, o vencedor do pleito não elegeria maioria no legislativo; sendo candidato pela primeira vez você acredita que conseguiria arregimentar eleitores que acreditando em suas propostas, seriam suficientes para lhe eleger?

(E.M.) Acredito que boas ideias, propostas e propósitos podem arregimentar apoiadores. Gente que acredita na mudança. Sem sombra de dúvidas! As pessoas cansaram desse jogo de difamar o outro para parecer um melhor candidato. Elas querem um debate de ideias, de projetos, querem pensar no futuro sabendo de que forma ele será construído. Não basta mais apresentar “boas intenções”, nem parecer o “menos pior”. O povo está atento e exigente. A população quer representantes capazes.

(C.L.) EDUARDO MAIA, sem um reduto eleitoral, sabemos que o candidato para cair no "gosto popular" precisa estar em sintonia com a população mais simples, falar sua linguagem. Neste sentido quais seriam as pautas defendidas em uma futura campanha, caso seu nome passe na convenção?

(E.M.) Falar a linguagem de qualquer pessoa é ter empatia. É ter sensibilidade de olhar no olho e ouvir as necessidades, de estar atento aos problemas. É saber defender bandeiras diversificadas através da participação das pessoas. Pluralidade. Um mandato hoje não deve ser apenas representativo, mas, sobretudo, participativo. Deve dar voz e vez às pessoas na construção das soluções.  É oportunizar a todos participar não só da gestão, mas, também, da construção das leis. Existem instrumentos para isso que estão sendo completamente desprezados em Lagarto. A nova política, a meu sentir, é justamente a que leva as pessoas a transformar a realidade, não a que transforma a realidade das pessoas sem sequer ouvi-las.
Por isso a base da minha pré-candidatura está calcada na participação efetiva das pessoas, na construção plural e democrática das ideias, dos projetos. No diálogo.
É através dessa participação que encontraremos a solução para os problemas da falta de oportunidades, que pra mim é o grande gargalo da cidade. Especialmente para os jovens. Como dizia minha saudosa vó: tudo é questão de oportunidade. Eu hoje estou aqui porque me foi dada a oportunidade. Mas o que dizer ao jovem de família simples, advindo de uma educação que ainda tem baixa qualidade? As oportunidades só serão democratizadas através da educação, da cultura e do esporte. Essas são as pautas da minha vida. São espaços onde atuei e tive a certeza de que podem mudar a realidade da juventude gerando oportunidades.

(C.L.) EDUARDO MAIA, um outro movimento iniciado em 2016, e que em 2018 ganhou visibilidade foi o de "candidaturas/mandatos coletivos", enquanto "causídico" qual sua opinião a respeito do "voto no coletivo"?

(E.M.) Eu vejo essa inovação com bons olhos. Comungo da ideia de que várias cabeças pensam melhor que uma. Um mandato coletivo permite maior representatividade, e, até mais do que isso, proporcionalidade. Já existem casos que deram certo na eleição de 2018 e que vem produzindo bons resultados. Penso que a política é para todos, por isso todos devem dela participar. Todos devem colaborar na construção de ideias e soluções para tantos problemas que encaramos no dia a dia. Cada um tem como contribuir, basta que lhe seja dada oportunidade de ser ouvido. Por isso toda e qualquer manifestação democrática que alargue o alcance do poder decisório conta com meu apoio.

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