ENTREVISTA RADIALISTA ALOÍSIO ANDRADE


(COTIDIANO LAGARTENSE) Sr. Aloísio Andrade, a imprensa em nosso país já teve uma importância fundamental, sendo inclusive apelidada de "quarto poder" justamente por levar à população a informação correta, direta e no momento do fato. Na opinião de V.Sa estaria os órgãos de imprensa e de comunicação de massa perdendo forças junto a essa mesma população?

(ALOÍSIO ANDRADE) Não, de hipótese alguma! A minha opinião é contrária à essa questão de que a imprensa tem perdido força e principalmente agora nesse momento de crise mundial que vive nosso mundo; então trouxe uma reflexão para as pessoas ter que se comunicar, ter que pesquisar, ter que buscar a informação; o que há na verdade são alguns "fake news" que estão acontecendo e há alguns setores crescendo, e aí eu cito o rádio, você vê pesquisas onde as pessoas não acreditam muito naquilo que se tem na internet E termina indo buscar a confirmação daquelas matérias em órgãos tradicionais de comunicação, como os grandes jornais e as grandes emissoras de rádio e televisão. Então eu tenho observado que a pandemia em nível mundial trouxe de volta essa grande força da mídia no mundo.

(C.L.) Sr Aloísio Andrade, está tramitando no Senado Federal projeto de autoria do Senador Alessandro Vieira buscando coibir o avanço das noticias falsas (normalmente veiculadas nas redes sociais) e punir os responsáveis, desde os provedores àqueles que a disseminam, qual a opinião de V. Sa. a respeito do projeto em questão?

(A. A.)Veja bem, como eu disse respondendo a primeira pergunta e entrando agora na segunda, as mídias sociais veio também com esse poder de informar as pessoas. Hoje, todo mundo tem um celular, hoje todo mundo faz parte de um grupo de Whatsapp ou todo mundo tem um Instagram ou twitter, uma rede social pra se comunicar, aí sim é a liberdade de expressão. Qualquer cidadão tem o direito constitucional garantido pra que ele possa se  comunicar, falar, dizer o que sente, mas sempre naquela questão dos limites; as pessoas precisam entender, inclusive nós jornalistas, que nós temos os nossos direitos mas também os nossos deveres. Então a lei do Senador Alessandro e outras leis que estiveram dentro do Congresso Nacional, nós precisamos tomar o cuidado para que elas não seja uma mordaça para lhe proibir definitivamente de você falar, mas se for no sentido de coibir os abusos em virtude dos grandes números de "fake news" que tem sido colocado é importante pra verdadeira imprensa, porque a gente vai poder separar o joio do trigo.

(C. L.) Sr. Aloísio Andrade, trazendo especificamente para nosso município, somos sabedores que uma significativa parcela da população tem no rádio seu referencial de informação, contudo com o avanço das redes sociais e com elas uma farta variedade de noticias falsas, não estaria este veículo de comunicação perdendo espaço em nossa sociedade?

(A.A.) Não, em hipótese alguma; até porque o povo quer a notícia verdadeira e quando ele vê algo que ele duvida, ele vai buscar justamente no rádio a informação verdadeira, porque o rádio ela é uma conceção pública e que ela pode ser retirada, pode não ser renovada, dependendo de como você esteja conduzindo a sua emissora ou seu meio de comunicação; então essa questão é o contrário, as rádios tem crescido muito a sua popularidade, a audiência, porque o rádio sempre penetra na casa das pessoas e principalmente, repito, nesta questão em que nós estamos vivendo, essa pandemia em nível mundial, as pessoas têm ouvido muito rádio, principalmente porque estão  em casa, estão no isolamento social e precisa algo, então a gente tem observado e acompanhado as pesquisas de que há o contrário, um crescimento de ouvintes na radiofonia.

(C. L.) Recentemente comemoramos o dia do Jornalista com a estatística vergonhosa de agressões (físicas, verbais e virtuais) contra os profissionais do meio; neste período de enfrentamento ao Corona vírus e com a democracia em nosso país sendo fragilizada com manifestos anti-republicanos V.Sa. Acredita que a liberdade de imprensa continuará a ser respeitada?

(A. A.) Precisa ser respeitada! E deve ser respeitada porque nós estamos vivendo num regime democrático, a não ser que se mude isso aí, que se haja uma ruptura democrática e que se volte a uma ditadura militar. Aí quem estudou e quem acompanhou no passado sabe que políticos foram cassados, imprensa foi fechada; e aí eu quero trazer o ponto das rádios comunitárias, esses dias no interior do Maranhão, um prefeito mandou fechar uma rádio comunitária; a rádio é uma conceção pública, concedida apenas pelo Congresso Nacional e pelo Ministério das Comunicações, nenhuma outra autoridade tem o poder de fechar uma rádio; agora fechou porquê? Porque não estava pagando o alvará da Prefeitura. Claro que na verdade aí é uma outra intenção, não foi exatamente o alvará que o prefeito fechou a rádio, talvez tenha sido uma crítica à sua gestão, talvez sendo o único canal de comunicação daquela cidade; então a gente ainda observa graças a Deus, a emissora entrou na justiça e a justiça disse que quem pode fechar é quem concedeu a outorga, que é o Ministério das Comunicações.

(C. L.) Com o advento da internet e o alavancamento das redes sociais surgiu um personagem que se propaga  Brasil afora, os "influenciadores digitais"; diante da fragilidade dos conteúdos disseminados nessas redes V.Sa acredita que esses personagens tendem a substituir os profissionais de comunicação?

(A. A.) De hipótese alguma, aí eles são apenas, tem o direito livre de se expressar, agora eu tenho procurado e tenho visto, não são todos, não podemos é claro, generalizar; aqui no município de Lagarto a gente observa campanhas de marketing para que pessoas de qualquer parte do mundo possa seguir aquele perfil e aquela pessoa fica com 20, 30 mil seguidores que não significa quando vc for fazer o enxugamento, na verdade, eu mesmo nas minhas redes sociais, o Prefeitinho não precisa fazer esse tipo de campanha; eu tenho mais de 6.000 pessoas que me seguem e eu tenho como controlar, eu tenho desses 6.000, quase 5.000 só  de Lagarto que acompanham Prefeitinho porquê  gostam do que ele fala, acreditam nas ideias do Prefeitinho; já nessas outras situações que vc se refere aí, eu vejo mais como algumas promoções pessoais que não têm nada a haver com comunicação.

(C. L.) Sr. Aloísio Andrade, enquanto radialista e comunicador, qual a visão de V.Sa. sobre o futuro da imprensa em nosso país e especificamente em nosso município?

(A. A.) Rádio Juventude FM é um grande exemplo no nosso município, a Rádio Juventude FM ela foi criada e posta no meio de um fogo cruzado da tradicional comunicação lagartense, a família Reis comandava uma rádio, do outro lado a família Ribeiro, oligarquias de Lagarto comandavam também a comunicação; aí chega a Rádio Juventude FM  na época administrada pelo filho de um vaqueiro que é esse que vos fala e hoje sou apenas um comunicador; e a gente criou um slogan  "Juventude FM fazendo a diferença", esse slogan não foi simples, ele tinha um caminho, um norte, que era justamente esse "fazer a diferença na comunicação lagartense" e acredito que estamos fazendo; e para sobreviver no meio desses "canhões" de Reis e Ribeiros e eu me refiro no meio da comunicação; depois da Juventude FM a gente observou vários sites que chegou em Lagarto, alguns ainda com conotação política, mais isso veio para evoluir e mostrar que a comunicação em Lagarto tem outra cara.
Só sabe Deus e eu as pressões que recebemos aqui na Juventude FM para que continue nessa linha democrática; você veja, nessa semana fiz várias entrevistas com autoridades para falar do passamento de Dom Mário e para nossa infelicidade, uma pessoa que se diz ser da imprensa, num programa numa rádio web, fez críticas ao cidadão que foi entrevistado aqui, porque disse que " a pessoa devia ter vergonha na cara e nunca mais falar na rádio Juventude FM"; então assim, gente que se diz pseudo-jornalista ou radialista, com esse direito de expressão, mais muito radicais; quer dizer, enquanto a rádio abriu espaço pra todo mundo falar teve alguém que foi atacar essa posição democrática da emissora.

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