Um Editorial confuso... será dois pesos, duas medidas?




 Só agora à tarde (15:36hs do sábado 31.08) pude assistir na íntegra o último programa de sexta-feira da 102,7 e sinceramente estou sem saber como construir esse artigo.

O editorial do meu colega (que é profissional de comunicação) me deixou, mais que perplexa, com milhares de pulgas atrás da orelha, pois decerto, foi elaborado com base em dois pesos e duas medidas, completamente divergentes.

Vamos aos fatos e nesse sentido, peço que meus leitores abram os olhos e o discernimento para uma reflexão. 

O ilustre comunicador iniciou seu editorial falando do eleitorado feminino e fez questão de frisar seu ponto de vista pela óptica da eleição Majoritária de nosso município (mesmo que evocasse os mais de 5.000 municípios brasileiros), contudo, sabemos que temos pela frente DUAS ELEIÇÕES DISTINTAS ( a do executivo e a do Legislativo) e portanto preciso pontuar frase a frase do ilustre radialista e espelha-la na eleição proporcional, até para poder apontar a hipocrisia explícita nas palavras e fazer meu questionamento final.

Logo no início do editorial o ilustre colega fez questão de verbalizar: " só há algum tempo no Brasil  vocês (mulheres) viraram prioridade" e continuou " as vezes as prioridades são  falsas, mentirosas..."

Enxergando e compreendendo pela óptica da eleição proporcional isso me leva a crer que a obrigatoriedade do percentual de 30% de candidatas e a mesma obrigatoriedade do aparelhamento da campanha com 30% do FEFC para candidaturas femininas é sim falso e mentiroso, haja vista que apenas à pouco tempo somos prioridade na conjuntura política nacional (os números das últimas eleições desmentem isso, mas tudo bem...).

No decorrer do editorial e falando de eleições municipais fez questão de afirmar que: "não necessariamente fazem uma opção, muitas vezes pelo gênero, leva a cidade à ter um bom futuro", dessa forma pelo que está sendo dito, mulheres no legislativo (ou no executivo) representam apenas o atraso e como nesse momento nós candidatas suplicamos que mulheres votem em mulheres, estamos completamente fudidas.

Seguindo o raciocínio do ilustre âncora, " é preciso escolher pela qualificação... há, eu vou votar porquê quero votar numa mulher... não... não é o gênero que tem que definir o seu voto... é a capacidade da pessoa"; nesse aspecto até concordo em partes, afinal na Câmara Municipal temos pessoas sem qualificação ocupando cadeiras que compraram e hão de comprar novamente nesse pleito. Já discertei inúmeras vezes sobre isso e como não gosto de redundância, me absterei de comentar.

Mas continuemos com a análise do supracitado editorial, contudo, corrigindo o nobre colega, faço questão de frisar que pela lei brasileira  "o que define o voto é a VONTADE do eleitor no momento do escrutínio, sem quaisquer interferências".

Ele continua na sua argumentação justificando que, " as cidades campeãs do IDEB em Sergipe... São dois homens na gestão" ou seja, nós mulheres em qualquer área somos incompetentes e portanto não podemos ser dignas da vontade popular...

Mas segue... "Eu não estou pregando que as mulheres não tenham protagonismo, estou pregando que elas não sejam usadas", na verdade por essa fala, reitera o que sempre digo, nós mulheres na política só servimos pra ser ESCADA ou LARANJA, se alguma de nós prevalecer diante do sistema, vamos tornar TODAS diminutas... pelo bem maior!

Mas teve três outros temas ( o das pessoas com neurodivergencia, leia-se Autismo, Causa Animal e o trato com as Crianças ) que não irei colocar ipsis litteris, até porquê abaixo do texto fiz questão de colocar a íntegra do supra editorial que não nego, vêm de encontro à tudo que nós candidatas mulheres ao legislativo postulamos... mas concordo com o iminente locutor num ponto crucial; precisamos escolher para a Câmara Municipal pessoas que além de capacidade, possuam uma história de luta, de fato e de direito.

Nenhuma cidade "vai pra frente" priorizando apenas um dos poderes constituidos... nosso legislativo urge por uma mudança e uma equidade que infelizmente é utópica na nossa realidade política. 

Desqualificar mulheres em pleno século XXI e diante de um pleito eleitoral absurdamente competitivo, é demonstrar dois pesos e duas medidas...

Alea Jacta Est!



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